segunda-feira, 24 de março de 2014

domingo, 23 de março de 2014

USO DO JOGO DE XADREZ COMO METODOLOGIA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: A EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO MARTINS DE MONTES CLAROS/MG



USO DO JOGO DE XADREZ COMO METODOLOGIA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: A EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO MARTINS DE MONTES CLAROS/MG[1]

Jorismar Pereira da Cruz[2]
Aparecida Pereira Soares[3]
Ramony Silva Lopes[4]
Vanilce Aparecida Ribeiro Soares[5]
Carmén Cassia Velloso e Silva[6]

RESUMO: Atualmente confrontamos com vários embargos perante o sistema educacional brasileiro. Novas formas de ensino são mais que necessárias para que processo de ensino aprendizagem seja realizado de forma coerente às novas exigências do mundo atual. Discorrendo a respeito de tal afirmativa, uma boa sugestão, para que as aulas se tornem mais dinâmicas, instigantes é a utilização do xadrez nas aulas de Geografia. Nosso objetivo é mostrar que o jogo de xadrez pode ser considerado promotor de um desenvolvimento cognitivo do aluno, facilitando ao mesmo, o estímulo do raciocínio lógico, da concentração, do convívio interpessoal, e capaz de construir, nestes, um pensamento crítico e reflexivo, no que se refere à análise das categorias geográficas de lugar, espaço, território e poder. Consistindo, portanto, em uma ferramenta impar no processo ensino-aprendizagem. Assim, com base em pesquisas bibliográficas e na experiência prática, através do projeto PIBID/CAPES, subprojeto: Conversando com a Geografia Através de Desenhos Animados, Uma Estratégia Divertida, na Escola Estadual Américo Martins, localizada em Montes Claros/MG, percebemos a amplitude compensatória dos resultados obtidos no espaço escolar, após intervenções e oficinas realizadas na mesma. É sem dúvida alguma, de grande importância projetos que visem e incentivem a construção de valores e que estimulem o desenvolvimento, em todas as esferas dos educando no ambiente escolar, pois o conhecimento construído no espaço escolar é para toda vida.


PALAVRAS-CHAVES: Xadrez, Geografia, Aluno.

INTRODUÇÃO

O professor é um dos grandes responsáveis pelo processo formativo dos educandos, e a escola, por meio dos mesmos, visa proporcionar e colaborar para o desenvolvimento social e educativo, incentivando assim os alunos a buscarem conhecimentos que propiciem a reflexão de mundo e construção de ideias, ou seja, o senso crítico. Rompe-se então a concepção vertical de ensino, onde o professor é uma autoridade e os alunos sujeitos passivos e ouvintes, onde devem apenas adquirir as informações e seguir modelos. A partir dessa relação surgem dificuldades no que se refere ao desenvolvimento educativo e social do aluno. O qual tem como consequência um desinteresse do mesmo pelo conteúdo.
Não achamos que o temor pelas mudanças no processo ensino-aprendizagem esteja ligado a falta de recursos financeiros, má renumeração, se tem ou não domínio por essas novas tecnologias. Na verdade, recursos didáticos como a utilização do jogo de xadrez em sala de aula, é simples e barato, podendo até mesmo ser confeccionado com materiais recicláveis e pelos próprios alunos, porém este processo depende do interesse do docente por tal método.
Na Geografia, por exemplo, quando trabalhamos Geopolítica, o xadrez apresenta-se como um instrumento que pode levar a percepção das diversas estratégias espaciais, quando LINHARES (2008) expõe que ao analisar um conflito armado entre dois países, pode levar o educando a perceber o jogo geopolítico na região, onde os países medem força e lutam pelo poder estratégico na região. Nesse sentido, apontar como as peças do xadrez estão estrategicamente sendo mexidas pelos principais protagonistas, diretos ou indiretos, nessa disputa de interesses, é uma forma notável de associação entre o jogo de xadrez e a Geografia.

METODOLOGIA E DISCURSSÃO

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo que se mostrou ser uma importante ferramenta a qual o enfoque não necessitou do emprego de estatística para a análise dos dados, mas um estudo de uma situação em que está inserido um problema, que por sua vez é o tema central deste estudo, que foi implementado na Escola Estadual Américo Martins, situado no bairro Jaraguá, Rua das Paineiras, s/nº, na cidade de Montes Claros/MG. As atividades vêm sendo desenvolvidas com todas as turmas regularmente matriculadas na escola e representa para os alunos uma prática optativa já que é realizado em horário diferente das aulas regulares.  O estudo pretende também verificar se a prática do jogo contribui para que as crianças tenham a percepção de formas diferenciadas de lazer, para que elas interajam com o conteúdo ensinado e a disciplina, transformando-as em agentes criadores do seu próprio conhecimento num processo dialético, transformando a sala de aula e o próprio ambiente escolar um lugar aprazível e atrativo, combatendo o desinteresse e tédio dos alunos, o poder disciplinador e repressivo imposto na relação professor-aluno, que gera comportamentos agressivos, desinteresse e até mesmo podendo gerar evasão escolar.
O Projeto Xadrez com Prazer na Geografia, só foi possível ser concretizado com o apoio da 22ª SRE, Superintendência Regional de Ensino de Montes Claros e dos funcionários da escola, ambos doando não só materiais como peças do xadrez, premiações para os vencedores da competição, mas a atenção que a comunidade do bairro necessita.
Para que os alunos pudessem se familiarizar com a atividade foi feita pelos docentes de Geografia a apresentação do jogo de tabuleiro de xadrez com suas respectivas peças; após, foi explicado aos alunos às regras, as estratégias, a função de cada peça e por fim o objetivo do jogo, sem mencionar a verdadeira problematização do trabalho ali inserido.
Explicação sobre a importância do xadrez na aprendizagem, para alunos do tempo integral, na Escola Estadual Américo Marins.
Fonte: CRUZ, jorismar, Setembro de 2013.

Após apresentar as peças do jogo foram solicitados aos alunos que decidissem entre si e de comum acordo quem jogaria primeiro, incentivando-os a agirem com sentimento de solidariedade, cortesia e respeito aos colegas. Posteriormente os alunos foram divididos em grupos de seis pessoas, iniciando as partidas com dois jogadores, e seguido de rodízio com os demais. Para cada partida foi estipulado tempo médio de 30 minutos, sendo utilizados os três primeiros horários de aula do dia para a realização de tais atividades.
Ao exercitar os alunos com o xadrez foi programado competições dentre os mesmos na Escola Estadual Américo Martins sempre no término do ano e, para incentivá-los a participar foi inserido premiações em valores quânticos para os três primeiros vencedores. A quantidade de alunos praticantes de xadrez no evento oscila entre 80 a 100 alunos, já que depende da vontade de participação dos alunos. 
Explicação sobre a importância do xadrez na aprendizagem, para alunos do tempo integral, na Escola Estadual Américo Marins
Fonte: CRUZ, jorismar, Setembro de 2013.

            As atividades com xadrez e a participação dos alunos para com o projeto não é obrigatória, mas como foi observado por todos, discentes e docentes que o xadrez foi uma excelente forma de elevar a atenção e a concentração dos alunos, a imaginação, a memória, a vontade de vencer, a paciência, o autocontrole, o espírito de decisão, a coragem, a lógica, o raciocínio, a criatividade, a inteligência, a organização, enfim, diversos benefícios que foram levados a comunidade tanto intelectualmente quanto pessoalmente que a participação a cada ano se torna cada vez mais intensa.

O LÚDICO NA GEOGRAFIA: A UTILIZAÇÃO DO JOGO DE XADREZ COMO RECURSO DIDÁTICO

Primeiramente é de essencial importância que os professores transmita aos seus alunos os objetivos de trabalhar com o jogo de xadrez no ambiente escolar. A prática  desenvolve habilidades, tendo como destaque: memória, concentração, planejamento e tomadas de decisões. Entretanto este jogo é considerado como um excelente suporte pedagógico visto que se relaciona com diversas disciplinas, pois a proposta pedagógica de inserir o jogo de xadrez no processo de ensino-aprendizagem visa preparar o aluno para que seja capaz de tomar decisões em situações que exigem o raciocínio rápido, e em busca de formar cidadãos íntegros através de uma atividade lúdica. Como destaca Bergamo:

[...] Sabemos que o lúdico influencia no desenvolvimento do indivíduo e na sua vida social. Brincando o indivíduo ultrapassa o que não está habituado a fazer e apreende melhor o conhecimento. Por meio da brincadeira, a criança envolve-se no jogo sente necessidade de partilhar com o outro. Brincando e jogando, o jovem terá a oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis na sua futura atuação profissional, tais como: atenção afetividade, concentração, tomada de decisões, e outras habilidades psicomotoras. (BERGAMO, sd, p. 5)


O jogo de xadrez possui características importantes, as quais podem desenvolver capacidades em diversos níveis. A respeito do raciocínio lógico, no jogo de xadrez, o aluno passa a ter contato com diversos exercícios que lhe são propostos, nos quais ele deve buscar a melhor combinação dos lances a serem realizados, tendo a sua frente inúmeras possibilidades.
Com esta metodologia o aluno desenvolve habilidades e hábitos necessários à tomada de decisões. Não basta, no entanto, o aluno saber solucionar o problema ou o exercício proposto, analisando apenas uma parte do tabuleiro. É de extrema importância que ele seja capaz de ver o tabuleiro como um todo, sabendo que as peças não devem ser vistas isoladamente, mas sim, que as mesmas fazem parte de um contexto geral, em que uma depende da outra. Esta característica evidencia um aprimoramento da compreensão e na solução de problemas pela análise do contexto geral.
No ensino da Geografia, o uso das técnicas, principalmente as ligadas a um estilo mais lúdico, tornam-se cada vez mais recorrentes em sala de aula, pois fica cada vez mais certo que as mesmas podem contribuir para a melhoria do ensino, como afirma Banhara (2008, p.15):
Através da aplicação da intervenção e pela análise da participação dos alunos e resultados obtidos na aprendizagem dos mesmos, conclui-se que a utilização da tecnologia apoiada por várias mídias sendo um recurso que os jovens convivem diariamente e que gostam muito, produzindo grandes resultados na educação, acompanhado as mudanças que ocorrem na sociedade.


O jogo é um instrumento rico, no qual, através de oportunidades e riscos, cada qual precisa encontrar as possíveis soluções. Sendo um agente facilitador da aprendizagem e por se tratar de algo dinâmico, exige um grande cuidado no seu projeto e desempenho. As atividades lúdicas podem ser o melhor caminho de interação entre os professores e alunos e entre os próprios alunos, para gerar novas formas de desenvolvimento e de reconstrução de conhecimento.
Os aspectos lúdicos e cognitivos presentes no jogo são importantes estratégias para o processo ensino-aprendizagem de conceitos abstratos e complexos, difíceis de serem absorvidos e compreendidos dentro da metodologia tradicional de quadro e giz, favorecendo a motivação, o raciocínio, a argumentação, a sociabilização e a interação entre os alunos e os professores. (VASCONCELOS, ETALL, 2012, p. 2)

As técnicas lúdicas são recursos relevantes e uma alternativa para ampliar o interesse dos alunos pelas aulas de Geografia. Isto, principalmente, porque a memorização de conteúdo pelo aluno é extremamente desestimulante. Desta forma, a ludicidade surge como uma ferramenta importante para o bem-estar mental do educando, para o exercício da relação com o mundo, com as pessoas, com os objetos, e consequentemente faz despertar o gosto com o conteúdo escolar.
O lúdico no processo de ensino-aprendizagem, desperta nos alunos uma série de fatores positivos como, por exemplo: desenvolve a criatividade, a sociabilidade e as inteligências múltiplas; enriquece o relacionamento entre os alunos; reforça os conteúdos já aprendidos; se encontra apto a lidar com seus resultados; leva-o a aceitar, respeitar e aumentar a interação e integração entre os participantes; e além de tudo proporciona a autoconfiança e a concentração dos educando.
Vasconcelos (2012, p. 1) destaca que:

O lúdico simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. Animar o processo de ensino-aprendizagem é dever e função que cabe aos docentes desempenhar e, portanto, precisam ser competentes, investigadores, nutrir certos conhecimentos de forma a desenvolverem atividades que sejam divertidas. (VASCONCELOS, Etall, 2012, p.1)

O lúdico é um instrumento indispensável na aprendizagem, porém deve-se observar sempre a importância do planejamento do mesmo pelo professor, já que o jogo deve estar inserido em suas atividades como suporte pedagógico e não como passa-tempo.
Quando se planeja e adapta jogos à realidade podem estimular nos alunos a um desejo de compreender o mundo, especificamente, inserindo o contexto em que vivem. Nessa conjuntura, colocamos em questão o ensino de Geografia, através do lúdico, que se fez a partir do jogo de xadrez.

Explicação sobre a importância do xadrez na aprendizagem, para alunos do tempo integral, na Escola Estadual Américo Marins.
Fonte: CRUZ, jorismar,Setembro de 2013.

O xadrez é, na Geografia, uma ferramenta facilitadora no processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, é uma atividade que não precisa de uma infraestrutura complexa, visto que é adaptável a qualquer lugar, o material é simples e tem uma vida útil extensa. É um jogo independente das novas tecnologias e de materiais onerosos, necessitando apenas de um simples tabuleiro, e da teoria de um dos jogos mais antigos da espécie humana.
Assim, como podemos notar o xadrez é uma ampla ferramenta no aprendizado e não poderia ficar alheio no processo de ensino-apredizagem de Geografia. Dessa forma OLIVEIRA e GALVÃO colocam que:           

O xadrez é, sem dúvidas, uma ferramenta didática facilitadora, pois não depende de novas tecnologias e materiais inovadores e caros, necessita apenas de um pequeno tabuleiro, 32 peças e o ensinamento de um dos jogos mais antigos da humanidade. É uma atividade que não precisa de uma infraestrutura ampla (o xadrez é adaptável a qualquer ambiente que estivermos), o material é simples e fácil de transportar, tem uma vida útil longa. Além do mais proporciona ao aluno uma melhor condição de raciocínio e consequentemente concentração, gerando, com isso, um avanço no nível escolar e apreensão dos temas escolares. (OLIVEIRA; GALVÃO, 2013, p. 4-5).

Desta forma, pode-se compreender que o emprego do xadrez nas aulas de Geografia é de grande relevância, como GOETHE, (1876) coloca que o xadrez é a ginástica da inteligência, isto porque, o jogo de xadrez pode ser considerado um promotor de um maior desenvolvimento cognitivo do aluno, facilitando ao mesmo, o estímulo do raciocínio lógico, da concentração, do convívio interpessoal, e capaz de construir, nestes, um pensamento crítico e reflexivo. Constituindo. Portanto em uma ferramenta impar na aprendizagem, pois os alunos podem compreender conteúdos, conceitos básicos da Geografia como: a cartografia, orientação, localização no espaço, coordenadas geográficas e, sobretudo espaço e território.

Aliando o Xadrez à Geografia: Entendendo o Território, o Lugar, o Espaço e o Poder
A Geografia fundamenta-se como uma ciência que estuda o espaço, relacionando de maneira a determinar a organização das pessoas sobre o mesmo. A geografia é uma disciplina analítica e como tal, exige uma construção teórica que difere da tradicional decoreba. Assim, como nas regras do jogo de xadrez, para se construir a análise é necessário o desenvolvimento da compreensão dos problemas e das possibilidades existentes.
Ao se estudar as categorias de análise geográfica de poder, lugar, espaço e território, pode-se relacionar as mesmas com o jogo de xadrez. É proveitoso para o processo de ensino-aprendizagem, pois, ao se ensinar as regras do jogo para os alunos, os mesmos irão perceber a estreita relação existente com a Geografia.
No que tange a categoria espacial, os alunos são levados a perceber e analisar um determinado espaço para melhor atuar sobre ele, no caso das jogadas, isto pode ser bem notado, o espaço é o conceito basilar para a geografia. É dotado de complexidade e vem sendo discutido demasiadamente desde a antiguidade.
No intuito de considerar nossa concepção de espaço surge a partir da intencionalidade social por meio da qual o homem se apropria do espaço natural transformando-o, através do trabalho, em espaço geográfico, ou seja, é resultado e condição da dinamicidade de relações que os homens estabelecem cotidianamente entre si, com a natureza e consigo mesmo. Revela, ainda, contradições e desigualdades sociais (SANTOS, 2009):

Um conceito básico é que o espaço constitui uma realidade objetiva, um produto social em permanente processo de transformação. O espaço impõe sua própria realidade; por isso a sociedade não pode operar fora dele. Consequentemente, para estudar o espaço, cumpre apreender sua relação com a sociedade, pois é esta que dita à compreensão dos efeitos dos processos (tempo e mudança) e especifica as noções de forma, função e estrutura, elementos fundamentais para a nossa compreensão da produção do espaço(SANTOS, 2008, p. 67).

O conceito território vem sendo amplamente debatido nas ultimas décadas, existindo divergências entre pesquisadores sobre sua definição. Desta forma, em relação ao território, os mesmos compreenderão a relação das peças, nas casas do tabuleiro, com o estudo do território, sendo que cada peça tem o seu território delimitado pelo movimento das mesmas. Pois, entendemos que o território se forma a partir de uma relação espaço/tempo e ao se apropriar de um espaço, em determinado tempo, a sociedade o territorializa.
A utilização do território pelo homem cria o espaço, projetado pelo trabalho. Portanto, esse domínio exercido sobre um determinado espaço, a Geografia chama de Território, e todo espaço definido e delimitado a partir de relações de poder é um território.
Haesbaert (2004), pode-se agrupar a concepção de território em três vertentes básicas: política referente às relações espaço-poder, cultural que prioriza a dimensão simbólica e mais subjetiva, e econômica como fonte de recursos.
Santos (2005) compreende sob a perspectiva do uso. Para o autor o território usado constitui-se como um todo complexo onde se tece uma trama de relações complementares e conflitantes. Deve ser compreendido como uma totalidade que vai do global ao local. Em sua análise argumenta que o território em si não é um conceito, ele só se torna um conceito quando o consideramos na perspectiva do seu uso. Tal entendimento é excessivamente importante, visto que tem como inquietação principal a ação e a uso desempenhado pelos seres humanos na produção do espaço.
A necessidade de compreender o território concomitante à paisagem, entendendo-a, não somente como um instrumento para conhecer a realidade, mas um excelente meio para conhecer o modo de observar a realidade e de usá-la. Isto porque, não existe concepção dos processos na sua conjuntura sem ajuda de uma imagem, especialmente a partir das novas conformações territoriais materializadas no espaço (RAFFESTIN, 2010).
O conceito de território ganhou novas perspectivas em virtude das possibilidades de abordagem estabelecidas sobre o tema por importantes estudiosos. O avanço sobre o entendimento de território vem contribuindo para a produção de pesquisas críticas e preocupadas com as relações estabelecidas a partir do uso e apropriação. O que evidencia o caráter dinâmico do conceito e da própria geografia como ciência.
No que se refere à categoria geográfica de lugar, pode-se notar que os diferentes espaços possuem distintas normas, regras e formas. Há essas peculiaridades nos espaços, as quais são chamadas de lugar. Onde cada peça no tabuleiro tem seu lugar. No xadrez não se pode ficar encurralado, e a conquista pela vitória é a conquista pelo poder.
O lugar é o espaço vivido, dotado de significados próprios e particulares que são transmitidos culturalmente. São considerados nos estudos a percepção do individuo, os símbolos, a religiosidade, os valores e as identidades coletivas.
Para Carlos (1997):

[...] o lugar aparece como um fragmento do espaço onde se pode apreender o mundo moderno. Uma vez que o mundial não abale o local. O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a especificidade histórica do particular. Deste modo o lugar se apresenta como o ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta, enquanto momento (CARLOS, 1997, p. 303).

O lugar para a autora é fruto da articulação estabelecida entre o mundial e o especifico e particular. O lugar permitiria descobrir a sociedade atual na medida em que aponta para a globalidade. Enquanto parcela do espaço, enquanto construção social, o lugar abre probabilidade para se pensar o viver e o habitar, o uso e o consumo, os processos de apropriação do espaço. Ao mesmo tempo, posto que preenchido por múltiplas coações, expõe as pressões que se exercem em todos os níveis (CARLOS, 1997).
Importância do xadrez na aprendizagem, para alunos do tempo integral, na Escola Estadual Américo Marins.
Fonte: CRUZ, jorismar,Setembro de 2013.

Desta forma, os educandos serão instigados a analisar esta relação de espaço, lugar, território e poder, aliados ao exercício do jogo do xadrez, que o faz o pensar, refletir e correlacionar a prática do jogo com os conceitos chave da geografia.


CONSIDERAÇÕES FINAS

Enfim, pode-se perceber que o xadrez é um elemento promotor de um maior desenvolvimento cognitivo do sujeito apreendente, facilitando o processo de ensino-aprendizagem, pois além de uma prática de ensino diferenciada, possibilitam uma reflexão e concentração para as discentes em suas diversas atividades cotidianas, mais explicitamente as relacionadas à sala de aula, aumentando e estimulando um maior senso crítico e concentração dos alunos tendo em vista que o mesmo estimula a capacidade de concentração do aluno, e o instigue a ser mais participativo no momento em que ele está participando ativamente do processo ensino-aprendizagem e de uma maneira diferente e divertida.
O projeto com o jogo de xadrez desenvolvido na Escola Estadual Américo Martins mobilizou todos os alunos da escola e contou com a participação do subprojeto de Geografia da UNIMONTES: Conversando com a geografia através de desenhos animados uma estratégia divertida.
A proposta dentro da Geografia com o campeonato de xadrez é que os alunos compreendam as categorias geográficas, o que fez com que os mesmos tivessem a noção de espaço, território e poder na medida em que movimentavam as peças sobre a mesa e planejavam a melhor estratégia para arrematar o jogo.
Cumprimos em ressaltar que essa metodologia com o jogo de xadrez pode ser usada por alunos de várias séries e é uma técnica bastante proveitosa, pois envolve os alunos fazendo com que eles se sintam motivados, além de ser uma forma diferente de se passar o conteúdo. A escola como o lugar do conhecimento adquirido deve estar aberta para essas mudanças. Sobre o processo de ensino aprendizagem já dizia o grande geógrafo Milton Santos (2008, p.115), para o mesmo ter eficácia “é necessário partir da consciência da época em que vivemos, sabendo o que o mundo é e como ele se define e funciona. É somente assim que se podem formar cidadãos conscientes e capazes de atuar no presente, ajudando a construir o futuro.”


REFERÊNCIAS
BANHARA, Geraldo Donizete. A utilização de Novas tecnologias no ensino de Geografia. In: Dia a Dia Educação: Portal Educacional do Estado do Paraná, Curitiba, 2009
BERGAMO, Mayza. O uso de metodologias diferenciadas em sala de aula: uma experiência no ensino superior. Universidade Estadual de Londrina: UEL – PR.2009.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar: mundialização e fragmentação. In: SANTOS, Milton et. al. (Org.) O novo mapa do mundo: fim de século e globalização. São Paulo: Hucitec, 1997.                                   
FERREIRA, Alexandre Silva. SOUZA, Andréa Paula de. A utilização do xadrez nas aulas de Geografia nos anos iniciais do segmento do ensino fundamental. In: 10º Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia. Porto Alegre, 2009.
HAESBAEST, Rogério. Dês-caminhos e perspectivas do território. In: RIBAS, Alexandre Domingues; SPOSITO Eliseu Savério; SAQUET, Marcos Aurélio. Território e desenvolvimento: diferentes abordagens. Francisco Beltrão: Unioeste, 2004.
OLIVEIRA, Kellia de. GALVÂO, Iapony Rodrigues. O xadrez como ferramenta para o ensino de Geografia: A experiência do PIBID na Escola Estadual Floriano Cavalcanti, em Natal/RN. Encontro de Geógrafos da América Latina. Peru, 2013.
RAFFESTIN, Claude. Uma concepção de Território, Territorialidade e Paisagem. In PEREIRA, Silvia Regina; COSTA, BenhurPinós da; SOUZA, Edson Belo Clemente de (Orgs). Teorias e Práticas territoriais: análises espaço-temporais. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
SANTOS, Milton. O retorno do território. In: Debates Territoriymovimientossociales. Ano VI, n. 16, enero-abril, 2005.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,2008.
VASCONCELOS, Elaine da Silva. ET ALL. Jogos: uma forma lúdica de brincar. VII CONNEPI (Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação). Palmas: Tocantins, 2012.
SITES CONSULTADOS
http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT6/tc6%20(7).pdf. Acesso em 12/01/2014
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2125-8.pdf. Acesso em 07/01/2014
http://www.franciscolinhares.com.br/conteudo.php?id=613. Acesso em 12/01/2014
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ved=0CCsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.sistemas.ufrn.br%2Fshared%2FverArquivo%3FidArquivo%3D1542992%26key%3D033f015b00fdbd22aac8539b48ce349c&ei=E9rSUoj7D47ykQfFoYGwDQ&usg=AFQjCNGMmZq4oSS_dhTLw42p2req5yr7eA. Acesso em 10/01/2014
http://www.univar.edu.br/revista/downloads/metodologiasdiferenciadas.pdf. Acesso em 08/01/2014

[1] Trabalho final do subprojeto PIBID: Trabalhando com a Geografia através de desenhos animados, uma estratégia divertida. Com finalidade de ser publicado no Livro Biotemas
[2] Professor da Escola Estadual Américo Martins. Supervisor do subprojeto PIBID: conversando com a geografia através de desenhos animados. jorism@yahoo.com.br
[3] Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Incentivo a Docência – PIBID. cidamalaquias2010@hotmail.com
[4] Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Incentivo a Docência – PIBID.
[5] Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Incentivo a Docência – PIBID.
[6]Coordenadora do subprojeto PIBID Geografia: Trabalhando com a Geografia através de desenhos animados, uma estratégia divertida. Professora da Universidade Estadual de Montes Claros. carmen.velloso@ig.com.br

A importância dos desenhos animados na Geografia







sábado, 6 de julho de 2013

Relatório geral das atividades realizadas na E.E.Américo Martins no 1º semestre pela equipe do professor Jorismar Pereira, Rafael Barbosa, André Fiuza, Aparecida Pereira Soares, Emerson Vinicius e pelos cordenadores do subprojeto "Conversando com a Geografia através de desenhos animados: Uma estratégia divertida" Romana de Fátima e Carmem Cássia Veloso “




PRÓ-REITORIA DE ENSINO
COORDENADORIA DE GRADUAÇÃO

DATAS

OBJETIVOS


DESCRIÇÃO

21/02/2013
Reunião Geral



Repassar eventos e traçar metas para março
28/02/2013
Reunião da equipe sob supervisão do Professor Jorismar Pereira da Cruz.
Início da confecção do artigo sobre Bullying, para posteriores eventos.


11/03/2013
Reunião Geral
Entrega de materiais (pasta, canetas, pendrive, etc.), certificados, e metas para o I Colóquio Subprojeto (Repassando Eventos, Realidades, Vivencias E Perspectivas)



23/03/2013


Realização do I colóquio do Subprojeto



(I Colóquio Subprojeto: Repassando Eventos, Realidades, Vivencias E Perspectivas)
03/04/2013
Reunião da equipe sob supervisão do Professor Jorismar Pereira da Cruz.

Traçar metas para iniciar as intervenções na escola.
04/04/2013

Reunião Geral



Planejamento das oficinas na Escola Estadual Américo Martins
09/04/2013

Intervenção na escola



Intervenção na escola com a apresentação do filme Shrek para os alunos.


10/04/2013



Reunião da equipe sob supervisão do Professor Jorismar Pereira da Cruz


Traçar metas para o evento IISINTEGRA- UFVJM, fazer inscrição no evento e envio do trabalho para o mesmo.
23/04/2013


Intervenção na escola



Ensaio da peça teatral sobre o Bullying
30/04/2013
Intervenção na escola



Ensaio da peça teatral sobre o Bullying, e breve reunião sobre as vestimentas dos personagens.
02/05/2013


Intervenção na escola (reunião da equipe)


Confecção dos relatórios das intervenções
03/05/2013
Reunião da equipe sob supervisão do Professor Jorismar Pereira da Cruz.

Planejamento do artigo para evento em Mossoró
08/05/2013
Intervenção na escola


Ensaio da peça teatral sobre o Bullying

14/05/2013

Reunião da equipe sob supervisão do Professor Jorismar Pereira da Cruz


Correções no artigo para enviar para o evento em Mossoró
17/05/2013


Envio do trabalho para Mossoró


Envio do trabalho para Mossoró
21/05/2013

Intervenção na escola


Ensaio da peça teatral sobre o Bullying

28/05/2013


Reunião Geral
Traçar as ações para o mês de Junho (eventos, intervenções, etc.)


10/06/2013


Intervenção na escola

Palestra do Hemominas na escola


17/06/2013


Reunião Geral


Finalizar planejamento da Gincana, distribuição dos acadêmicos nas equipes, etc.


24/06/2013



Realização da I Gincana Ecológica
Realizada a I Gincana Ecologia na Escola Estadual Américo Martins
28/06/2013



Reunião Geral
Avaliação da aplicação da Gincana na escola, traçar metas para Julho.